A presente mostra, composta de 20
artistas reverencia o Rio Itacaiunas com o título de coletiva ITACAIUNAS. As
obras em seus conceitos são diversificadas, como é diversificada a bacia desse
rio, fonte de riquezas, como os minérios explorados pela Vale e o ouro com a
saga de Serra Pelada, entre outros, muitos outros produtos da fauna e da flora.
O ITACAIUNAS e sua bacia ou seu vale, é de extrema beleza e é testemunha e pai dos
ciclos econômicos, marcados por conflitos de interesses e buscas de melhores
condições de vida. É dever inequívoco dispensarmos proteção a essa testemunha,
respeitando-a, reverenciando-a. A mostra se constitui num manifesto por amor ao
nosso RIO.
Foram travadas ao longo de 100
anos diversas batalhas e demandas na dialética territorial entre os povos
indígenas e os imigrantes. Os antigos meios de transporte de cargas e de gente,
como os batelões, os assim chamados barcos de transporte da castanha, as
canoas, os barcos motorizados, como os pentas, foram paulatinamente ficando
obsoletos em vista das profundas mudanças. Através das artes, foram feitos
registros em livros, em prosa e versos, nos nanquins dos Morbach e de outros
artistas, com pinturas, fotografias e outras memórias que evocam antigos causos
de velhos castanheiros, garimpeiros e barqueiros. Isso é nossa história, nossa
economia, nossa arte e nossa cultura.
As histórias contadas sobre o Rio Itacaiúnas,
são fontes de mitos e lendas através do tempo, o contado em luas pelos povos
indígenas e o registrado à luz da ciência, da tecnologia e da arte. Mas, nem
assim entendemos que o mais importante rio de nossas vidas é o majestoso ITACAIUNAS,
com sua grande e rica bacia, beneficiando, além de Marabá, mais de 10
municípios vizinhos. Nós marabaenses, todos os dias temos o privilégio de podermos
apreciá-lo, desembocando no Tocantins, porém não nos importamos com sua
qualidade de vida, nós o maltratamos, o desprezamos e o ignoramos, em vista de
sua situação de risco ambiental.
Vitória Barros
Artista Plástica e Galerista