Abertura: Dia 05 de Dezembro de 2013 as 19:00hs
II
MOSTRA CIRANDAR DE ARTE CONTEMPORÂNEA
100 ANOS DE MARABÁ
Sua
missão é sonhar, imaginar, colorir, desenhar, moldar em argila estranhas
figuras, empilhar cubos de madeira que, sobrepostos, se transformam em casas,
pontes, prédios e castelos. Dispostos em linha reta, curvas, tortas, viram ferrovias, carruagens, estradas. Quem manda é
a imaginação.
Esse entrelaçar de tato, visão e imaginação
sustentam o olhar. Bastam poucos apetrechos para os sentimentos encontrarem
expressão nos objetos manipulados ou nas linhas dos desenhos, rabiscos, papel,
papelão, tintas e cores.
O mistério povoa a criança com uma força
imponderável, superior a todas as realidades sensíveis.
O mistério seduz, assusta e
atrai ao mesmo tempo. Que bom habitar na zona da imaginação infantil tão
indevassável quanto impronunciável. Nela, as conexões rompem limites e
barreiras, o inconsciente transborda sobre o consciente, o sobrenatural
confunde-se com o natural, o divino permeia o humano, e o insólito, como
dragões e piratas, bruxas e duendes é de uma concretude que só a cegueira dos
adultos é incapaz de enxergar.
O auge da felicidade é o fazer espontâneo. Ela
sabe que carrega em si um tesouro de percepções que os olhos alheios não podem
perscrutar.
Recolhida a um canto, debruçada
numa tela, mãos sujas de tinta, sorriso que ninguém lhe ensinou a ter, ela
deixa fluir os seres virtuais que habitam o seu espírito e com quem estabelece
um diálogo íntimo, livre das amarras de tempo e espaço. Tudo flutua dentro
dela, apenas a imaginação trabalhando à mercê da vida.
Qualquer interferência quebra o encanto. Tudo
se torna pesadamente aritmético, como uma ave impedida de voar. Privar a
criança do mergulho no mistério é amputá-la da infância. É mutilar o seu ser,
abortando a criança para apressar, de modo cruel, a irrupção irreversível do
adulto.
Ana Maria Martins Barros
Historiadora
Historiadora
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