quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Sombras da minha cidade, Paula Corrêa

Sombras da minha cidade

Sombras da minha cidade traz a sucata como elemento criativo, cujas imagens e temas são revelados em um jogo de luz e sombra com as esculturas feitas desse material. A exposição foi inspirada por obras da dupla de artistas britânicos Tim Noble e Sue Webster. Antes da realização desse projeto, há algum tempo que já convivia com o acúmulo de sucata na oficina de meu esposo, vendo-a apenas como resíduo inútil de objetos já sem uso.
Nunca havia pensado na sucata como material artístico, até fazer minha primeira escultura, VeneraCão, realizada com correntes metálicas e peças de ventiladores. Pude perceber o quanto esse material está impregnado de história e significados pessoais ou culturais, abrindo muitas possibilidades à criação e à educação ambiental, que só seriam possíveis ao dar valor não somente a minhas próprias memórias, mas também às memórias dos objetos, mantendo uma relação íntima com a escolha da matéria.
O teatro de sombras me remete à infância – aos três anos de idade, minha família migrou da minha terra natal, Manaus (AM), para Santarém (PA); e de lá para Marabá (PA), aos seis anos. Tínhamos luz elétrica na época. Porém, nos períodos em que ela nos faltava, as luzes das velas acesas inspiravam brincadeiras com as sombras feitas pelas mãos. A escuridão alimentava nosso imaginário, contando lendas e inventando narrativas fantásticas.
Nesta exposição, tentei homenagear a cidade que acolheu a mim e minha família, elegendo temas ligados à memória coletiva local. Cada obra é formada tanto pela materialidade da sucata quanto pela imaterialidade das sombras. Estas últimas constroem imagens de sentimentos, memórias, experiências e traumas vividos na minha infância: sombras da cidade que conheci, sombras da cidade em que convivi. E sombras que ainda vivo.
Setembro de 2016,

Paula Corrêa.





visitação de 09/09 a 07/10/16

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